Padre Rogerio Luis FloresPároco da Catedral Metropolitana de Porto Alegre
Em início de março faleceu meu pai com 85 anos. Como já fazia antes no cuidado com os pais, mais agora se intensifica o cuidado com a mãe uma vez que sou filho único e tenho esta bela missão. Ainda em abril um colega padre partilhava uma situação vivida na sua paróquia numa cidade aqui da região metropolitana de Porto Alegre. Duas filhas simplesmente internaram a mãe numa casa geriátrica e venderam o apartamento para ficar com os valores. Meu colega corajosamente interpelou as duas filhas revelando que não era esse o desejo da mãe. Enfim, temos hoje inúmeras situações de um total descaso e e insensibilidade com as pessoas na terceira idade e que revelam uma imaturidade e desumanidade sem precedentes de filhos, netos e parentes. Realmente, nossa população envelheceu e caminhamos hoje cada vez mais com a necessidade de dar todo o carinho e despender todas as energias e recursos possíveis com aqueles e aquelas que também entregaram o melhor de si desde a nossa concepção até o momento da nossa vida adulta e autônoma. Ainda sim temos hoje uma realidade de filhos já com certa idade e que permanecem no “ninho” com os pais ainda por longos anos de sua vida adulta. Com certeza, das tantas dificuldades que estamos presenciando hoje no cuidado das pessoas mais velhas e desta relação direta da responsabilidade dos filhos com os pais idosos, muitas das causas advém de uma total falta de espiritualidade, de religiosidade, de mística na vida, de cultivo de fé e, portanto, da total ausência de um verdadeiro amor que deveria perpassar a vida de pais e filhos, em última análise, da família como um todo. Nossos modelos de vida desde o advento da modernidade e de toda uma sociedade tecnificada e, ultimamente, mais digitalizada e virtual, parecem que nos esvaziaram e levaram junto nossa humanidade por água abaixo. Quando o ser humano se afasta e se distancia da sua fonte que é Deus definitivamente sua vida vai a bancarrota. Não há dinheiro, poder, prazer, conquistas que possam preencher o vazio na natureza humana onde só Deus pode habitar. Por isso, para este segundo domingo de maio, Dia das Mães, aproveitamos este espaço privilegiado para uma chamada do cuidado tão fundamental e importante com nossas e Mães e Pais, ainda mais na fase da terceira idade. Não nos preocupemos tanto com presentes, almoços e jantares, com coisas a fazer, mas com a presença amorosa: de filho, filha, netos, sobrinhos, enfim, presença humana e espiritual com nossas Mães e Pais que sempre merecem este amor humano de nossa parte. Por isso, na Cruz, hora derrradeira da sua morte, Jesus não hesitou em dizer para o discípulo amado “Eis aí tua Mãe!”. E o mesmo disse a Maria “Eis aí o teu filho!” Também em Maria a humanidade inteira tem uma Mãe. Sejamos bons filhos e filhas, sempre e com certeza de um lugar no Céu que teremos com nossos pais e com Aquele que é nosso Pai por excelência - Deus - e Maria, nossa Mãe Santíssima. Abençoado Dia das Mães. Fraternalmente, Pe. Rogério Luís Flôres Pároco - Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus - Catedral Metropolitana de Porto Alegre