Padre Rogerio Luis FloresPároco da Catedral Metropolitana de Porto Alegre
No começo das atividades de Catequese deste ano em encontro com os pais em abril, entre as tantas reflexões, propomos trabalhar ao longo do ano sobre o PPV - Plano Pessoal de Vida. Inicialmente, foi um projeto aplicado no Seminário com literatura própria voltado aos seminaristas que se preparam para serem padres, todavia, sua amplitude permite expandir para os leigos e, de modo especial, para as famílias uma vez que nosso cotidiano tem nos apresentado desafios descomunais nestes últimos tempos. Em 2020-21 a pandemia e agora neste ano, em maio, as enchentes que constituíram um evento climático severo para o nosso Estado e a nossa Capital, Porto Alegre. Já no pós-pandemia especialistas chamavam atenção para a questão da saúde mental. E agora novamente o tema volta a baila com a catástrofe climática que se abateu sobre nós. Há uma vasta literatura oriunda da neurociência e que também se expande para as redes sociais, mídias, programas de TV, podcast e toda a gama que temos de redes de comunicação. As pessoas justificam com frequência seus problemas com procrastinação, atrasos, falta de disciplina, ausência de foco, distrações e dispersões e tudo o mais que segue nesta linha de dificuldades com a velha expressão “não tenho tempo!” Mas, esta é uma justificativa (para não dizer uma desculpa esfarrapada) que vira uma verdadeira armadilha, porque a causa do nosso modo de empurrar as tarefas e compromissos com a “barriga” não é o tempo. O segredinho está em como gerenciamos nossas “ações” dentro do tempo, que é o mesmo para todo mundo. Então, um primeiro ponto que vale a pena esquadrinhar com lápis e papel: Importante X Não importante; Urgente X Não urgente. Quando iniciei meu trabalho como pároco na Catedral já havia conversado com um colega sobre mudanças no meu modo pessoal de trabalhar. Em contato no ano anterior com um primeiro livro indicado por ele pude dar passos significativos não só em termos mentais, mas também físico na organização do próprio espaço pessoal de trabalho: como guardar pastas, folhas, boletos, arquivos e toda aquela tralha de coisas que abarrotam as nossas mesas a ponto de você ficar escondido atrás delas. Depois um passo muito simples: mente livre de datas, horários, compromissos para de fato poder estar focado em planejar o trabalho orgânico e resolver os problemas com a calma e a serenidade que os mesmos exigem. Datas, compromissos, eventos futuros vão direto para agenda, seja de papel ou a virtual no smartphone, no tablet ou computador. A cabeça, isto é, a mente deve estar livre e serena como um lago de águas cristalinas, transparentes e tranquilas. O autor deste livro dizia: joga-se uma pedra na água, há um circuito de ondas, mas elas enfraquecem e o lago volta a sua tranquilidade de antes. Assim, deve ser na vida. Por que estamos assistindo a brigas de transito cada vez mais violentas ou até mortais? Por que não conseguimos mais discutir posições ideológicas diferentes com respeito, calma, educação sem precisar partir para cima do outro? Sem contar os tipos de violência intra-familiar, feminicídios, agressões entre vizinhos, desrespeito com idosos, abandono de crianças e toda uma gama de descalabros que questionam profundamente até que ponto realmente somos civilizados. Outro autor trabalha a Tríade do Tempo trazendo a contribuição de também com lápis e papel fazermos um mapa do que é Urgente, Importante e Circunstancial. Faça um teste rápido: Você está focado no que é importante na sua vida ou, de modo geral, você só fica apagando incêndio do que é urgente e se ocupando com o circunstancial? Para finalizar alguns personagens e suas ocupações: o Super-homem se ocupa do urgente; Homer Simpson do Circunstancial; o Equilibrista tenta atacar o urgente, o importante e o circunstancial. Porém, todos estão sempre estressados. Num próximo artigo avançaremos para a arte de um Plano Pessoal de Vida que supera todas estas dificuldades. Bênçãos de Deus e muita força e coragem na reconstrução do nosso Estado e da nossa querida Porto Alegre.