Raul TartarottiCrônicas Semanais
Eventualmente ouço vozes que comentam como alguns indivíduos tiveram sorte em suas vidas, mas que suas próprias não ganharam oportunidades semelhantes.
Lembro de muitos casos que negam essa verdade sem noção.
Pablo Picasso foi um dos invejados em sua trajetória, porque tinha muito brilho. Ele se sentia entediado com as formais aulas de artes, por isso acabou por criar seu próprio estilo. Pablo nasceu morto, e a parteira daquele evento dedicou atenção à mãe que estava acamada e desfalecida. Somente o médico Don Salvador, o resgatou de uma morte por asfixia, soprando-lhe fumo de um charuto na face, e somente assim o fez chorar pela vida. Ele foi muito pobre e necessitava queimar suas próprias obras na lareira para se aquecer durante o inverno em sua simples casa sem calefação. Foi dono de um talento muito maior que sua sorte.
Outra personalidade mundial ofuscada pela inveja foi Madiba, que nasceu em família tribal africana, e com 23 anos morou na capital Joanesburgo, onde iniciou sua carreira de Nelson Mandela.
Durante 27 anos ficou preso por lutar contra medidas do governo da época. Somente após esse período pode desfrutar de um venerado governo em prol de seu povo sofrido.
Outro homem com uma vida entendida como sortuda foi Honoré de Balzac, que iniciou sua carreira com uma mão na frente e outra sem nada.
Ele Viveu sua infância em um colégio interno, escolhido pelos pais que não o queriam por perto. Lá passou muito tempo no quartinho do castigo, chamado na época de masmorra. Mais tarde, sustentado pelo pai, foi morar em um quarto e sala na Paris dos anos 1860, onde trabalhava por até 16h diárias.
Difícil imaginar que dessa origem dura e sem perspectiva nasceu um homem que escreveu 95 livros e preenchia 45 laudas por dia.
Muitos que insistem em mencionar invejosamente as carreiras alheias como sortudas, utilizam o coitadismo para sua promoção, que nunca foi um elemento atrativo na sociedade, mas sim move a um sentimento de pena e por fim isolamento, pois, essa escolha é percebida como de um incapaz em lutar por si no jogo social, e contribuir junto aos vencedores.
Somos como um livro, que muitos podem apreciar se a história for boa, atraente com capítulos engraçados e emocionantes.
Se for queixosa, lenta e sem graça, lamento muito, talvez seu livro vá para a estante dos esquecidos